Amneres Pereira

Escritora e poeta Amneres Pereira, de João Pessoa/Paraíba, divulga Eva, sua mais recente publicação, onde aprofunda os traços existenciais e femininos de sua poesia, já presentes em livros anteriores.
Em entrevista, Amneres conta que sua idéia é ampliar o intercâmbio cultural e poético entre os países sul-americanos.

Jerúsia Arruda

Viver a infância em uma cidade à beira-mar é, indubitavelmente, uma grande fonte de inspiração, mas nascer e crescer correndo pelas areias brancas e mergulhando nas águas mornas da praia do Cabo Branco, em João Pessoa, na Paraíba, cidade mais setentrional do Brasil, é a própria materialização de Deus ao alcance das mãos, dos olhos e do coração.


Pois foi assim a infância e adolescência da escritora e poeta Amneres Santiago Pereira Maurício, que nasceu em uma família, como ela mesma define, numerosa e barulhenta, formada por pai, mãe e oito irmãos.

Em entrevista, via Internet, Amneres conta que escreve desde os 12, 13 anos de idade, mas só publicou seu primeiro trabalho aos 19 anos, em Brasília.

- Cheguei em Brasília em 1979 para cursar Letras, na Universidade de Brasília. Vim de João Pessoa com o meu primeiro livro debaixo do braço: Pedro Penseiro, publicado na capital em 1980, pela Thesaurus Editora. Na época, publiquei o livro como uma Novela; hoje entendo que, na verdade, aquilo já era poesia - prosa poética, estilo que só comecei a retomar em meu último livro Eva - Poemas em Verso e Prosa, publicado em julho de 2007, pela mesma editora – conta a poeta paraibana e ressalta que Eva é o sétimo livro publicado, mas o sexto individual.
- Tenho um livro, chamado EmQuatro, em parceria com mais três poetas de Brasília, da época da UnB – explica.

Mundo das letras
Formada em Letras e em Jornalismo pela UnB, Amneres atualmente trabalha como jornalista no Jornal da Câmara Federal, do qual é diretora.

Depois da publicação de Pedro Penseiro (novela; Thesaurus Editora, Brasília, 1980), que traz as reminiscências de sua infância e adolescência em João Pessoa e das águas mornas do Cabo Branco, recorrentes no poema Flor do Lácio, onde conta as histórias de seus tempos de menina, às margens do oceano atlântico, Amneres lançou EmQuatro (coletânea de poemas; Thesaurus Editora, Brasília, 1985); Humaníssima Trindade (poemas; Edição do Autor, Brasília, 1993); Rubi (poemas; Francisco Alves Editora, Rio de Janeiro, 1997); Razão do Poema (poemas, Takano Gráfica e Editora, 2000, Patrocínio Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB); Entre Elas (poemas, Editora Projecto Editorial, Brasília, 2004) e Eva – Poemas em Verso e Prosa (edição bilíngüe em Português e espanhol, 156 páginas, Editora Thesaurus, Brasília, 2007), o mais recente.

Mercosul cultural
A partir do lançamento de Eva, a escritora conta que sua idéia é ampliar o intercâmbio cultural e poético entre os países sul-americanos.


- Penso em algo como um Mercosul cultural. Desde a publicação de Rubi, tenho feito uma trajetória de recitais muito interessante, com participação de poetas, atores e músicos de várias partes do país. Nesse novo trabalho, recito poemas em cima de músicas que vão do clássico ao contemporâneo, passando pelo eletrônico. É um trabalho bem autoral, em que busco ritmar a palavra falada. Essa tese do resgate da palavra falada no Brasil, aliás, vem do poeta Chakal e do movimento Nuvem Cigana, no Rio de Janeiro e, em Brasília, com a poesia marginal dos poetas Nicolas Behr, com seus Livros-mimeógrafo e Luís Turiba, com a revista Bric a Brac, poetas que admiro e acompanho desde os anos 80 – completa.


Desde 1997, Amneres já realizou recitais em várias cidades brasileiras, com participação de artistas como o diretor de teatro Hugo Rodas, as atrizes Carmem Morethezon e Bidô Galvão, os músicos Argemiro Figueiredo (guitarra), Renata Kollarz (baixo acústico) e Jorge Macarrão (Percussão); o ator Chico Diaz e o músico mineiro Toninho Horta (violão e guitarra).

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